O presidente do BC brasileiro avaliou a possibilidade de o YUAN substituir o dólar e sugere qual caminho o mundo vai escolher daqui para frente.
A internacionalização do YUAN é uma das principais políticas da China e a guerra entre Rússia e Ucrânia – e as sanções derivadas da invasão russa – serviu de combustível para Pequim buscar o protagonismo da moeda chinesa no mundo e ofuscar a moeda americana.
Só que para o presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, o debate sobre a “moeda da vez” no mundo pode estar ultrapassado.
Ao avaliar a possibilidade de o YUAN substituir o DÓLAR, ele cita o avanço dos sistemas de pagamentos instantâneos como o PIX.
Segundo Campos Neto, a tendência é de que seja possível fazer transferências em tempo real entre países com sistemas conectados.
O presidente do BC também avaliou que seria difícil negociar ativos em uma moeda que não seja conversível, ao comentar sobre a predominância da moeda chinesa no mundo.
“É muito difícil ter moeda global que não seja conversível, que não seja aberta, você precisa escolher qual lado você está“, disse em entrevista à CNN Brasil na terça-feira [30/4].
A caminhada da China rumo ao topo
Não é hoje que a China tenta destronar o dólar como a principal moeda global. Essa iniciativa ganhou impulso em 2015, quando o Fundo Monetário Internacional (FMI) passou a colocar o yuan na cesta de moedas que fazem parte do Special Drawing Rights (SDR).
O SDR foi criado em 1969 e é reconhecido como um ativo de reserva internacional capaz de suplementar as reservas oficiais de seus membros – a moeda pode ser trocada entre esses membros em momentos de necessidade.
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Há uma diferença entre uma moeda usada para transações comerciais e uma moeda totalmente conversível e aceita por todos os países em quaisquer transações internacionais — aquela aceita para fins comerciais, financeiros e de investimentos como o dólar.
O YUAN é aceito por vários países por conta de acordos de trocas cambiais que o banco central chinês (PBoC) fechou com pelo menos 40 autoridades monetárias ao redor do mundo.
Por meio desses acordos, as transações comerciais entre esses países podem ser liquidadas sem a utilização do dólar, mas as divisas dos participantes na transação.
Acontece que as instituições estrangeiras até são encorajadas a utilizar o YUAN por meio desses acordos, mas não podem investir no mercado financeiro chinês livremente ou influenciar os juros domésticos como em um mercado livre.
E esse é o ponto fundamental que diferencia o yuan ao dólar, já que o mercado norte-americano é aberto e irrestrito, permitindo múltiplos investimentos de agentes ao redor do mundo.