Alunos de Medicina pesquisam milhares de imagens radiológicas
Um acervo radiológico inédito, acumulado ao longo de 40 anos, está transformando a experiência de aprendizado e pesquisa dos estudantes de Medicina da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), no campus Canoas. Localizado no Núcleo de Anatomia Radiológica (Nara), da Central dos Laboratórios de Habilidades do curso de Medicina, o conjunto é composto por mais de 5 mil exames de diversas especialidades médicas, abrangendo casos de patologias clássicas e raras. Além de resgatar histórias médicas, o material é uma ferramenta essencial para a formação de competências técnicas e científicas dos futuros médicos.
“Os radiologistas da época começaram esse trabalho para formar um banco de imagens e de pesquisa histórica. Hoje, esse banco físico está sendo digitalizado“, explica o professor Henrique Zaquia Leão, biólogo e docente de Anatomia e Embriologia da Ulbra Canoas. O acervo foi construído pelos renomados médicos radiologistas Darci de Oliveira Ilha, já falecido, e Antônio Carlos Maciel, que ainda atua como radiologista e intervencionista. Boa parte das imagens foi coletada em instituições de referência, como a Santa Casa de Misericórdia e o Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Aprendizado na prática
Os alunos têm acesso a imagens exclusivas que documentam doenças gerais e específicas, como patologias neurológicas, ortopédicas e do sistema digestivo. “Algumas imagens possuem laudos prontos, enquanto em outras exercitamos produzir o laudo com base nos exames reais“, destaca o professor Leão. Ele também enfatiza que o Nara tem como objetivo publicar artigos e livros para disseminar o conhecimento acumulado e os desafios contidos nesses registros históricos.
A aluna Ianka Müller, do 4º semestre de Medicina, destaca a oportunidade única proporcionada pelo acervo. “Aqui conseguimos estudar casos raros e também do cotidiano de diferentes épocas de forma mais palpável. Os professores conseguem nos ensinar e mostrar na prática”, afirma. Segundo ela, os alunos também realizam comparações entre as patologias de décadas passadas e as doenças atuais. “Em muitos casos, eles não sabiam qual era a doença nem a medicação. Hoje, podemos fazer esses diagnósticos“, ressalta.
Jamily Braga de Carvalho, também aluna de Medicina, complementa: “Por meio das imagens, conseguimos entender a evolução das patologias e comparar as abordagens médicas daquela época com as de hoje. Isso nos permite aprender de forma prática com casos reais, sejam eles raros ou do cotidiano“.
Produção de conhecimento
O professor doutor Diego Sgarabotto ressalta a abrangência do acervo. “Nesse espaço, temos exames radiológicos de diferentes áreas do corpo humano, como crânio, cabeça, pescoço, coluna vertebral, tórax, abdômen, pelve, membros inferiores e superiores, além de exames contrastados“, explica. Segundo ele, o acervo será base para futuras publicações didático-científicas.
A professora Márcia Kijner destaca o trabalho integrado realizado no Nara. “Aqui, associamos conhecimentos de anatomia, radiologia e histologia, que é a microanatomia. Os alunos exercitam o que aprendem na anatomia, fazendo conexões com a radiologia e a histologia“, esclarece.
Preservação da história
Para o estudante Matheus Gois Marson, a experiência oferecida pelo Nara é essencial para a formação médica. “O trabalho realizado no Nara é de extrema importância para que tenhamos um embasamento teórico sobre imagens radiológicas, como Raio X, tomografia e ressonância. O acompanhamento dos professores é fundamental para que possamos aplicar esse conhecimento futuramente na prática médica“, afirma.
Mais do que um acervo técnico, o Nara representa uma ponte entre a história médica do Rio Grande do Sul e as demandas contemporâneas da formação em Medicina. Com a digitalização em andamento e projetos acadêmicos futuros, o espaço promete continuar contribuindo para a produção de conhecimento e o desenvolvimento de competências que vão além da sala de aula.