Condições de privatização levaram a maior operadora privada do país a olhar novamente para o negócio
A privatização da Sabesp voltou ao radar da Aegea. Embora possa soar natural que a maior operadora privada de saneamento se interesse pela estatal que é a maior empresa do setor na América Latina, o modelo que se desenhava para desestatização não agradava a companhia.
“A ideia inicial que nos passaram, de ser uma base pulverizada de acionistas, uma corporation como foi a privatização da Eletrobras, não nos interessava. Mas, com o formato atual que circula na mídia, voltamos a estudar a Sabesp”, explica Radamés Casseb, CEO da Aegea, ao IM Business após gravação com os gestores da Kinea Ruy Alves e André Figueira, em que tratou do tema.
O modelo de privatização, em fase final de elaboração, prevê que a Sabesp tenha um acionista de referência com pelo menos 15% do capital da empresa e uma trava (“lock-up”) de cinco anos para que esse acionista esteja engajado nos cerca de R$ 60 bilhões de investimentos que deverão ser feitos até 2029, em um esforço para cumprir as metas do Marco do Saneamento até 2033. “Para nós, que somos operadores puros, seria interessante um lockup até maior”, acrescentou Casseb.
Dos pouco mais de 50% que o governo de São Paulo tem no capital da Sabesp, a ideia é que uma fatia entre 20% e 30% seja vendida na Bolsa por meio de um follow-on, abrindo espaço para um acionista de referência e mais outros acionistas relevantes. Além de Aegea, circulam nomes de empresas como Acciona, Votorantim, Cosan e Pátria Investimentos.
Na conversa com os gestores, que será um episódio do podcast Kafé com Kinea desta quarta-feira (13) às 18h, Radamés Casseb contou como a empresa vem operando dois de seus principais ativos conquistados nos últimos anos: a Águas do Rio, maior operadora do Rio de Janeiro com a privatização da Cedae, e a gaúcha Corsan, que atua na maior parte do Rio Grande do Sul, à exceção de Porto Alegre.
Casseb relembrou a história da compra de três dos quatro blocos da Cedae leiloados em 2021, em um investimento de R$ 17,6 bilhões da Aegea. “Quando saiu o edital, montamos um quartel general em um hotel para estudarmos profundamente o ativo para preparar uma proposta. Durante o processo, convencemos nossos investidores [Equipav, GIC e Itausa] de que o risco de inadimplência é menor do que se tem de percepção. Quem não pagaria R$ 20 por mês para ter água e esgoto tratado? Esses clientes não tinham essa oportunidade”. Com um pipeline de R$ 15 bilhões em investimentos, com a maior parte já viabilizada, a meta é também garantir a despoluição da Baía de Guanabara e do Aterro do Flamengo.
No Rio Grande do Sul, onde a Aegea é sócia da Kinea e da Perfin na Corsan, o executivo conta como estão sendo os passos iniciais da companhia no estado, como ter que lidar com ciclones extratropicais que ocorreram no estado semanas após assumir a empresa, em um conturbado leilão em que pagou R$ 4,15 bilhões pelo ativo mais o compromisso de investir R$ 15 bilhões para dar acesso à água e esgoto aos 317 municípios gaúchos atendidos pela empresa.
Fonte: InfoMoney