Estadão chama Lula de “profeta de araque”, após fala sobre sertão

Petista afirmou que Deus deixou sertão sem água, pois sabia que ele seria presidente

Após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparar a si mesmo como um enviado de Deus para trazer água ao sertão nordestino, o jornal O Estado de S. Paulo o chamou de “profeta de araque”, em editorial publicado nesta segunda-feira (2). Na avaliação do jornal, o petista tem pregado seu evangelho populista a fim de reduzir a impopularidade decorrente da “mediocridade do seu terceiro mandato”, apresentando-se como redentor nacional.

Água é vida, mas no mundo de Lula da Silva, água é, acima de tudo, voto. (…) Em tom de quem tem poderes quase divinos, o presidente-candidato pregou seu evangelho: a crença de que, não obstante a reconhecida mediocridade do seu terceiro mandato, é o responsável pela redenção nacional. Lula lembrou à plateia dócil de militantes e moradores escolhidos a dedo que a obra em questão é esperada há 179 anos como forma de trazer água para a região, e precisou que ele chegasse à Presidência para garantir tal bem àqueles castigados pela escassez – apontou o periódico.

Para o jornal, o presidente está “engolfado pela incompetência do seu governo e pressionado pela proximidade do ciclo eleitoral de 2026”, e só tem o palanque como alternativa. Nas palavras do editorial, “como não governa, Lula da Silva faz comícios, caçando votos antes da hora e posando de messias”.

É Lula em estado bruto: enquanto o seu governo está fazendo água por todos os lados e amarga a impopularidade inclusive no eleitorado mais fiel ao presidente, a população mais pobre e os nordestinos, ele só tem o palanque para recorrer. Convicto de que é o pai dos pobres, ignora que, a despeito dos méritos de iniciativas como oferta de crédito e gás de cozinha mais barato para os mais pobres, nada, na prática, é de graça, e o país paga a conta de sua habitual demagogia – adicionou.

Segundo o jornal, na “teoria lulocêntrica”, a direita apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é retratada como “inimigo tinhoso” a fim de que Lula permaneça se apresentando como necessário ao Brasil, em uma lógica maniqueísta.

Como, para o presidente, Deus só existe porque o diabo também existe, a seita lulopetista, também para existir, requer a existência de um inimigo tinhoso – assinalou o jornal.

Por fim, o Estadão observou que o presidente tem usado expressões religiosas de forma recorrente, e chegou a citar as palavras “Deus” e “milagre” 27 vezes em outra viagem a Pernambuco, meses atrás.

Lula, diria Santo Tomás de Aquino, quer fazer crer que seu governo está no terreno do mistério, isto é, que não se explica por meios racionais. Mas não há mistério nenhum: o PT de Lula, que esteve no poder em 15 dos últimos 22 anos, já se provou simplesmente incapaz de realizar os milagres que seu profeta de fancaria anuncia – cravou o editorial.