Reter e atrair mais pessoas já era um desafio-chave para os entes públicos, dado o perfil demográfico do Rio Grande do Sul; agora será ainda muito maior
O mês de maio ficará marcado na história dos gaúchos por séculos. Afinal, ruas pemanecem alagadas há mais de 30 dias em Porto Alegre. Vídeos circulam nas redes sociais mostram cenas inacreditáveis em uma Porto Alegre urbanizada, bem diferente daquela atingida pela enchente de 1941. Foram vistos jacarés nadando nas ruas e garças pegando peixes em uma das principais avenidas da cidade.
Felizmente o mês de junho começou com muito sol, sem risco de chuvas fortes, o que é um alívio para os gaúchos. Com isso, o recuo das águas do Guaíba vai permitir perceber o tamanho do prejuízo deixado pela maior enchente da história. Três estações de trens urbanos, por exemplo, estão destruídas e só vão abrir para o público novamente em 2025. O aeroporto Internacional Salgado Filho [construído em área de risco no governo Britto], o maior da Região Sul, ficará inoperante até o final do ano. Ruas esburacadas com asfalto destruído pela força das águas são realidade na maioria dos bairros. É fato que a mobilidade urbana ficará comprometida por um bom tempo. O 4º Distrito (a menina dos olhos da atual gestão de Porto Alegre] foi destruído.
Cidades na região do Vale do Taquari estão devastadas e milhares de famílias seguem desabrigadas. É preciso dar estímulos para que os moradores possam recomeçar a vida no local, em uma área mais segura nos municípios atingidos. Se reter ou atrair mais pessoas já era um desafio-chave, dado o perfil demográfico do RS, a decisão de ir embora pode tornar ainda mais dolorosa a missão de reerguer o estado.
A união de esforços dos governos local e federal, da sociedade civil e do setor privado será fundamental para garantir um futuro promissor ao povo gaúcho. As enchentes de 2023 e 2024 lançaram o alerta sobre os perigos das mudanças climáticas [negadas por muitas autoridades, por lideranças da sociedade e parte da opinião pública] e a necessidade urgente de adaptação. O Rio Grande do Sul, como outras regiões do Brasil e do mundo, precisa investir em medidas de mitigação e prevenção para reduzir os impactos cada vez mais frequentes e serveros dos eventos climáticos extremos.