Hugo Armando Carvajal Barrios, o general venezuelano conhecido como “El Pollo”, ex-diretor da inteligência militar do regime chavista, finalmente quebrou o silêncio diante da Justiça americana.
Mas mais do que uma confissão criminal, seu depoimento abriu a caixa-preta de uma rede transnacional que mistura poder político, narcotráfico e ideologia revolucionária na América Latina. Segundo promotores federais de Nova York, Carvajal se ofereceu para colaborar com informações confidenciais que incluem nomes de chefes de Estado, líderes partidários e financiamentos ilícitos envolvendo o que chamou de “aliança do narco-socialismo“.
Carvajal, que comandou a inteligência militar da Venezuela entre 2004 e 2011 e era considerado braço direito de Hugo Chávez, apontou em documentos e delações preliminares uma suposta estrutura coordenada de tráfico internacional ligada a governos do chamado “Foro de São Paulo”. Entre os nomes mencionados extraoficialmente por fontes ligadas à investigação, estariam:
Nomes associados ao Brasil:
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – Acusado por Carvajal de ter recebido recursos ilícitos da Venezuela para campanhas eleitorais nos anos 2000. Ele nega qualquer envolvimento.
José Dirceu (PT) – Teria participado de articulações com representantes do chavismo em reuniões que tratavam de estratégias de “integração popular revolucionária”, incluindo métodos de financiamento.
Fernando Haddad (PT) – Segundo Carvajal, teria mantido contatos indiretos com operadores do PSUV (partido venezuelano) durante missões diplomáticas como prefeito e ministro. Não há comprovação oficial.
Partido dos Trabalhadores (PT) – Aparece como estrutura parceira no alinhamento estratégico e ideológico com o regime bolivariano. O Foro de São Paulo seria a principal ponte para essas relações, com encontros ocorrendo anualmente em Cuba, Venezuela e Brasil.
Jean Wyllys (ex-PSOL) – Citado como beneficiado por ações de apoio externo em sua campanha internacional de “narrativa de perseguição política”, após deixar o Brasil.
Movimentos sociais como MST e MTST – Teriam sido apontados como “estruturas de base” financiadas indiretamente com recursos de origem ilícita, desviados de estatais da Venezuela e da Bolívia.
Fontes ligadas ao governo de Donald Trump indicaram que novas sanções políticas e econômicas poderão ser aplicadas contra agentes estatais ou partidários que tenham se beneficiado da rota de cocaína internacional articulada pelo Cartel de los Soles — grupo no qual Carvajal atuava junto a militares de alto escalão da Venezuela. Preso desde 2021 na Espanha e extraditado em 2023 para os EUA, Carvajal agora busca um acordo de delação premiada para reduzir a pena, que pode chegar à prisão perpétua. Em troca, estaria oferecendo documentos, áudios e até vídeos de reuniões entre membros do governo Chávez e líderes da América Latina, incluindo narrativas sobre lavagem de dinheiro e apoio logístico a candidatos da esquerda em diversos países.
O Departamento de Justiça americano celebrou a confissão como uma vitória contra o “narco-Estado” e prometeu investigar todos os vínculos mencionados. O promotor interino Jay Clayton afirmou que “não importa o cargo, todos que participaram dessa rede criminosa serão identificados e responsabilizados”.
Apesar da gravidade das revelações, a maior parte da grande mídia brasileira permanece em silêncio. Enquanto jornais como El País, Reuters e Associated Press relatam os desdobramentos da delação, no Brasil, veículos como Globo, Folha e UOL se limitam a questionar a veracidade das alegações, ignorando o contexto judicial real em solo americano.
A imprensa independente, no entanto, tem feito o contraponto, destacando que a delação pode ter impacto nas eleições de 2026, ao recolocar o debate sobre corrupção internacional, financiamento ilegal e aparelhamento estatal no centro da arena política.




