O inverno brasileiro se aproxima, no entanto, sem sinais de que trará o frio para grande parte do País. Com início nesta quinta-feira, 20/6, às 17h51, horário de Brasília, a expectativa é de uma estação atípica, apresentando temperaturas acima da média.
“Estamos nos aproximando do inverno, mas até agora não tivemos massas de ar frio reduzindo a temperatura de forma frequente. A partir de agora, podemos ter alguns períodos com temperaturas mais baixas“, explica Luiz Santos, climatologista da Tempo OK. Apesar disso, ele alerta que as temperaturas ainda podem ficar acima da média esperada para a estação. Conforme a Climatempo, a previsão é de um aumento de até 3ºC.
Os locais mais afetados por este cenário se concentram no Centro-Sul, influenciados por uma condição de bloqueio atmosférico, em que a atuação de sistemas de alta pressão impede a ocorrência de chuva, elevando as temperaturas. Nestes locais, a previsão é de tardes quentes e noites levemente frias.
“A gente vê que o frio característico do inverno não vai ser tão intenso ou duradouro quanto em anos anteriores”, aponta. A previsão é de que os termômetros registrem quedas na ordem de, no máximo, cinco graus, com duração de poucos dias.
Sobretudo, o Sul do País viverá os dias mais frios, devido à chegada de massas de ar polares em julho e agosto, aponta o meteorologista da Electra Energy, Gustavo Verardo. “Está acontecendo um inverno extremamente frio na Patagônia e esse frio tende a ficar mais aprisionado na Argentina. Mas, por alguns instantes, a gente vai ter quedas de temperatura também no Sul [do Brasil]”, afirma.
Na região da Serra Gaúcha, Bom Jesus e São José dos Ausentes, no Rio Grande do Sul, por exemplo, há ainda a possibilidade de neve pontual, assim como chuvas acima do padrão. Enquanto isso, nas áreas centrais, o cenário é de calor e seca. “Quem gosta de frio e mora em, por exemplo, São Paulo, interior de Goiás, Minas Gerais, dificilmente vai ficar feliz esse ano”, pontuou Verardo.
Seca alarmante
O bloqueio atmosférico vivenciado no Centro-Sul do Brasil levanta preocupações entre os especialistas, que destacam a probabilidade de seca extrema neste inverno. “Esse ano vamos receber mais massa polar, mas pelo fato do Centro-Oeste estar muito seco, vamos ter o bloqueio dessas massas”, explica o biólogo Paulo Jubilut.
Com isso, aumenta-se o risco de queimadas, que têm apresentado números alarmantes nos últimos anos. Somente de janeiro até o final de maio, foram registrados mais de 23,3 mil focos de incêndio, o maior número desde 1999, conforme o Tempo OK.
Para além do risco à saúde, o youtuber de educação destaca que o cenário impacta ainda a economia brasileira, uma vez que a seca reduz a produtividade agrícola. “Esse é o novo normal, só que ninguém está acostumado”.