O ex-presidente Jair Bolsonaro vai intensificar as negociações com lideranças do Centrão no Congresso Nacional para facilitar e acelerar a aprovação do Projeto de Lei que anistia os presos do 8 de janeiro.
A estratégia do ex-presidente é uma articulação direto com o grupo que pode somar votos pela anistia.
De cima de um trio na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, Bolsonaro repetiu que tem o apoio de Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD – apesar da bancada estar dividida sobre a pauta. Os dois se reuniram nas últimas semanas para tratar sobre o assunto.
Bolsonaro também esteve com o presidente do União Brasil, Antônio Rueda, com quem passou o Carnaval no Rio de Janeiro. Quem também mantém contato recorrente com o ex-presidente é o senador Ciro Nogueira, presidente do PP.
Bolsonaro busca uma aliança com o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, sobre o assunto. A expectativa é que Bolsonaro e Pereira se encontrem nos próximos dias — o mandatário do Republicanos, entretanto, ainda não confirma a informação.
Interlocutores avaliam que a estratégia contribuirá para pressionar o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), a dar celeridade à proposição.
Foi Pereira quem financiou a candidatura surpresa de Motta no final de 2024 para suceder Arthur Lira (PP-AL). A jogada causou uma reviravolta no cenário desenhado até então e tornou o paraibano favorito na disputa – ele foi eleito em 1º de fevereiro. Por esse histórico, há que acredite que Pereira possa ter alguma influência sobre Motta.
Não é de hoje que a oposição contabiliza os votos que já tem para tentar colocar o projeto de lei em regime de urgência, o que poderia acelerar a análise pela Câmara, dispensando o trâmite em comissões. A contagem é feita, pelo menos, há um mês, quando o grupo ligado a Bolsonaro admitiu até flexibilizar o texto proposto.
A intenção do líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), é discutir o requerimento de urgência com Motta e outros líderes partidários na quinta-feira (20) e tentar votar na próxima semana – a mesma em que a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidirá se Bolsonaro será réu por uma suposta tentativa de golpe de Estado.
Depois do ato em Copacabana, as estratégias foram discutidas por Bolsonaro e seus aliados políticos na casa do ex-presidente na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.