Ação foi movida pela Trump Media Group e a plataforma Rumble
A imprensa internacional repercutiu a ação na Justiça dos Estados Unidos que mira o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O magistrado brasileiro é processado por violação à soberania norte-americana. O processo é movido pela Trump Media, ligada ao presidente Donald Trump, e pela plataforma de vídeos Rumble.
O caso tramita em um Tribunal de Justiça sediado na Flórida. Os veículos de comunicação destacam a participação de uma empresa ligada a Trump na causa, além do ineditismo do processo.
A mídia global destaca que a queixa contra Moraes foi registrada na Justiça dos Estados Unidos um dia depois de a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentar denúncia ao STF contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 33 pessoas por uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. O caso tramita na Corte brasileira sob relatoria de Moraes. Em nota, a defesa de Bolsonaro chamou a denúncia de “inepta”, “precária” e “incoerente”.
Segundo as autoras da ação, Moraes violou a legislação norte-americana ao ordenar à Rumble a suspensão da conta do jornalista Allan dos Santos, investigado pelo STF. A Rumble é uma plataforma para o compartilhamento de vídeos que funciona de forma similar ao YouTube. A rede já foi citada em decisões do STF para a remoção de conteúdo, mas não cumpriu as determinações da Justiça brasileira por não contar com representação no país.
O The New York Times interpretou a ação como “um esforço surpreendente” de Donald Trump em prol de um aliado com uma trajetória similar.
– O processo parece representar um esforço surpreendente de Trump para resgatar um colega que, assim como ele, é um líder de direita indiciado por haver tentado reverter sua derrota eleitoral – disse o jornal nova-iorquino.
O The New York Times é um dos jornais da mídia internacional que está repercutindo a denúncia de Bolsonaro ao STF pela PGR.
De acordo com o jornal, a denúncia do ex-presidente brasileiro é um “contraste marcante” em relação à trajetória de Donald Trump após deixar o poder, em 2021.
– Enquanto a Suprema Corte dos EUA decidiu que Trump estava amplamente imune a processos por suas ações como presidente, a Suprema Corte do Brasil agiu agressivamente contra Bolsonaro e seu movimento de direita – avaliou.
A reportagem da CNN destaca que a queixa da ação, relativa à liberdade de expressão, é o “coração” da Rumble. Com a proposta de ser “imune à cultura do cancelamento”, a Rumble passou a abrigar produtores de conteúdo restritos em outras redes sociais, como Paulo Figueiredo, Rodrigo Constantino e Bruno Aiub, conhecido como Monark.
O blog Politico, também dos EUA, citou outras decisões de Moraes contra empresas de tecnologia estrangeiras, como o X, de Elon Musk. A reportagem relembrou que a plataforma passou mais de 30 dias fora do ar no Brasil. Musk, por sua vez, se tornou um dos mais influentes conselheiros de Donald Trump.
O britânico The Guardian relacionou a abertura do processo como uma “retaliação tardia” à suspensão do X no Brasil.
– Moraes também está pesando em uma série de outras acusações contra Bolsonaro, um aliado de longa data de Trump – disse o jornal.
O caso também foi divulgado pela revista Forbes e pelo jornal Wall Street Journal, ambos dos Estados Unidos.