Ofício enviado a universidades federais busca verificar o interesse de profissionais para atuarem como tutores
O Sistema Único de Saúde (SUS) pode estar perto de ter um aporte de “especialistas” sem a necessária residência médica. O Ministério da Saúde está enviando ofícios para que universidades federais indiquem profissionais que possam ser mentores no programa Serviços de Formação Especializada, a ser implantado. Eles trabalhariam com foco na formação prática e supervisionada em diversas especialidades. Os cursos teriam duração de seis meses a um ano. Uma residência médica dura de dois a cinco anos, dependendo da área. O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) alerta para mais essa manobra do Governo Federal de precarização na formação médica.
O ofício lista 15 áreas. Entre elas, cirurgia do aparelho digestivo com ênfase em oncologia, cirurgias oncológicas avançada multidisciplinar ou com ênfase em tumores colorretais ou ginecológicos. Também estão no rol de especialidades, exames como colonoscopia, ecocardiograma e endoscopia. O documento não fala em prazos para o início do programa ou formato das mentorias. O objetivo é fazer um levantamento sobre o interesse das universidades antes de lançar o edital.
Apesar de, em um primeiro momento, a iniciativa possa trazer a ideia de uma melhor resolutividade do SUS, principalmente na Atenção Básica de Saúde, o Simes adverte para a precarização da formação médica, pois seis meses são insuficientes para áreas complexas. Também há risco de desvalorização da residência médica. O curso não confere um título, o que gera insegurança profissional, e pode ser usado para mascarar a falta de especialistas, além de uma possível sobrecarga para os mentores.