Morre o escritor Luis Fernando Verissimo, aos 88 anos

O escritor Luis Fernando Verissimo morreu aos 88 anos neste sábado (30), em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Após 19 dias internado na UTI do Hospital Moinhos de Vento, o gaúcho faleceu devido a complicações provocadas por uma pneumonia.

Verissimo nasceu em Porto Alegre em 26 de setembro de 1936. Filho do grande escritor brasileiro Erico Verissimo, morou nos Estados Unidos durante a infância porque o pai lecionava literatura brasileira nas universidades de Berkeley e Oakland.

Com mais de 70 livros publicados e uma venda superior a 5 milhões de cópias entre crônicas, romances, contos e quadrinhos, sua obra se estendeu para a televisão, cinema e teatro e seus contos e crônicas se popularizaram pelo humor. Por exemplo, a tirinha “As Cobras” foi sucesso nos anos 70.

Muitos de seus textos humorísticos se tornaram produções da TV. Para Verissimo, escrever humor para televisão era desafiador, pois afirmava não ter vocação humorística. Porém, produzia humor. Ele admitia que era uma coisa mais planejada do que espontânea. Nos anos 90, atuou como roteirista do programa humorístico “TV Pirata”, também na Globo. 

O cronista trabalhou até janeiro de 2021, quando foi acometido pelo AVC.  

Verissimo seguia uma rotina diária: trabalhava durante o dia, parava para o almoço quando a esposa o chamava, e assistia ao Jornal Nacional. Reservava momentos para seu estilo musical favorito, pois, para ele, música era “sentar e ouvir”, conforme declarou em uma entrevista em 2012. Luiz Fernando aprendeu a tocar saxofone quando estudou no Roosevelt High School, em Washington, nos EUA, onde conheceu o jazz.

Verissimo não gostava de falar em público, por isso contava suas histórias em textos escritos. Apesar da timidez, tinha muita coisa pra contar. “Essa é uma das vantagens da crônica. A gente pode ser o que quiser escrevendo uma crônica”, revelou o escritor. 

A ABL emitiu nota lamentando a passagem do escritor, reconhecendo seu valor para a literatura brasileira. Suas obras o tornaram amplamente popular e “um dos autores mais queridos e bem-sucedidos do país”. A mensagem que fica é que “Verissimo nos ensinou a imaginar uma vida mais leve”.

A jornalista e amiga do escritor Cíntia Moscovich disse em entrevista à GloboNews que o amigo fazia questão de estar junto daqueles que respiravam literatura. “Veríssimo estreitava e formava um núcleo agregador em Porto Alegre e no Brasil, que fazia com que a gente se comunicasse com os vários ‘Brasis’ que existem, em termos literários e afetivos”, disse a jornalista. Verissimo não era de falar, mas de estar presente e olhar nos olhos.