Pablo Melo nega peremptoriamente acusação de ‘lavar’ dinheiro em sites de apostas esportivas

Investigado nas denúncias de corrupção na Smed, vereador afastado publicou carta explicando a movimentação de R$ 390 mil em plataforma online

Afastado das funções públicas de vereador por decisão judicial na Operação Prefácio, 3ª fase da Operação Capa Dura, que visa desmantelar um esquema de fraudes licitatórias na Secretaria Municipal de Educação (Smed) de Porto Alegre, Pablo Melo (MDB) publicou uma carta se defendendo da suspeita de ter usado apostas em site esportivo para lavar dinheiro supostamente ilegal.

Refuto categoricamente as insinuações de envolvimento com corrupção ou utilização de casas de apostas para ‘lavar dinheiro’. Minha vida financeira sempre foi modesta e não tem segredos, como demonstrarei à Justiça. Nunca houve nenhum depósito vultoso em minhas contas bancárias, muito menos de origem duvidosa. Da mesma forma, nunca fiz qualquer investimento com dinheiro que não fosse o meu. Finalmente, não tenho nenhuma relação com o empresário investigado, que sequer conheço”, afirmou, em carta divulgada na última terça-feira (26/11).

Reportagem publicada em GZH revelou que, de acordo com investigações da Polícia Civil, Pablo Melo, filho do prefeito Sebastião Melo (MDB), teria depositado mais de R$ 391 mil numa plataforma online de apostas esportivas. Ainda de acordo com as investigações, deste total, ele teria sacado R$ 287 mil do site de apostas. A Polícia Civil então investiga se Pablo Melo teria condições financeiras de movimentar tais recursos tendo um salário líquido como vereador de cerca de R$ 13,3 mil.

Na carta, o vereador afastado diz ser “adepto do trading esportivo”, o qual classifica como um hobby legítimo que pratica com amigos. “Conduzo essa atividade exclusivamente com recursos particulares, nos momentos de lazer, em quantias proporcionais à vida que levo, sem prejuízo a ninguém”, afirmou, para em seguida justificar o que são os recursos identificados pela investigação policial.

Ao contrário do que algumas reportagens podem levar a crer, nunca ‘lavei’ 390 mil reais por intermédio de site algum. Aliás, o valor máximo em depósitos aceito pelo site referido nas notícias é de 20 mil reais. Portanto, um depósito naquele montante simplesmente não seria aceito pela plataforma. Embora a maior parte da investigação esteja sob sigilo, já é possível verificar, com as poucas informações disponíveis, que o valor apontado como suspeito é o somatório de todos os investimentos que fiz, desde 2021, em operações conhecidas como reinvestimento ou giro, desde 2021. Ou seja, trata-se do mesmo recurso reinvestido várias vezes, como é próprio da dinâmica destes sites. Aparentemente, a investigação não distinguiu entre valores depositados, valores movimentados e valores sacados, o que pode ter animado as suspeitas de irregularidade”, explicou.

O filho do prefeito encerra a carta dizendo ter o maior interesse na elucidação dos fatos investigados e anuncia que fará uma análise contábil sobre sua movimentação financeira nos últimos anos para demonstrar que nada deve. “Continuo acreditando na liberdade de imprensa e na independência das instituições como garantias dos cidadãos contra malfeitos. Desse modo, acompanharei com atenção os próximos passos da investigação e seguirei à disposição para os esclarecimentos”, conclui.