Wassef solicitou assento escondido em avião para resgatar Rolex [de Bolsonaro], afirma PF

Advogado teria pedido para viajar com a “cabeça colada na fuselagem” de aeronave para evitar ser visto.

Frederick Wassef [advogado do ex-presidente Bolsonaro] solicitou um asseto escondido no avião que o levou até Orlando [EUA], para resgatar o Rolex, presente da Arábia Saudita, que foi desviado e vendido nos Estados Unidos por auxiliares de Bolsonaro.

Eu quero ficar colado. Cabeça, minha cabeça colada na fuselagem, deu para entender? Ou seja, o banco tem que estar deitado, com a cabeça apoiada no banco e na fuselagem, na parede do avião, olhando para a janelinha“, declarou Wassef em conversa com uma atendente da companhia área.

O advogado viajou para os EUA em 14 de março de 2023 para recomprar o Rolex para devolver ao TCU [Tribunal de Contas da União]. O caríssimo relógio integrava o chamado kit ouro branco, composto por outros objeto como: anel, para de abotoaduras e rosário islâmico.

O Rolex foi vendido à Precision Wathches, em Willow Grove [Pensilvânia], juntamente com um Patek Philippe, pelo valor de U$ 68.000, em 13 de junho de 2020. O Pakek não foi localizado pelos investigadores da PF.

Conforme a PF, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, teria excluído mensagens trocada com Marcelo Câmara, ex-assessor, sobre o resgate de joias do kit ouro branco.

Os dois ex-auxiliares de Bolsonaro tinham receio de implicações depois da repercussão do tema pela imprensa. “O problema é que essa matéria está falando que, se o TCU quiser ir lá, vai encontrar e não vai“, diz Câmara a Cid sobre uma provável auditoria da Corte de Contas no acervo do ex-presidente.

ENTENDA O CASO

A investigação, sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes no Supremo, apura o desvio de 3 kits de presentes luxuosos destinados ao então presidente Jair Bolsonaro por governos estrangeiros. kit 1: uma escultura de árvore e outra de barco; kit 2: conjunto de joias composto por abotoaduras, um terço, anel e relógio confeccionados em ouro rosê; kit 3: conjunto de joias composto por um relógio Rolex, caneta da marca de luxo Chopard, par de abotoaduras, anel e rosário árabe.

O caso se deu depois de o TCU [Tribunal de Contas da União] determinar, em 2016, que todos os bens recebidos pelos chefes do Executivo devem ser incorporados ao patrimônio da União. A exceção são os bens de natureza personalíssima ou de consumo próprio –como alimentos, camisetas, perfumes, bonés, dentre outros.

Segundo relatório da PF, os itens foram vendidos a joalherias nos Estados Unidos por aliados do ex-presidente. A investigação afirma que o desvio ou a tentativa de desvio soma cerca de R$ 6,8 milhões.

Ao todo, Bolsonaro e mais 11 pessoas foram indiciadas pelo esquema.

LEIA ABAIXO QUEM SÃO E QUAIS OS CRIMES:

Jair Bolsonaro, ex-presidente da República (associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos);

Fabio Wajngarten, advogado do ex-presidente (associação criminosa, lavagem de dinheiro);

Mauro Cesar Barbosa Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens do ex-presidente (associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos);

Mauro Cesar Lorena Cid, general e pai de Mauro Cid (associação criminosa e lavagem de dinheiro);

Frederick Wassef, advogado (associação criminosa e lavagem de dinheiro);

Bento Albuquerque, ex-ministro de Minas e Energia (associação criminosa e apropriação de bens públicos);

Marcos André dos Santos Soeiro, ex-assessor de Bento Albuquerque (associação criminosa e apropriação de bens públicos);

Julio Cesar Vieira Gomes, ex-secretário da Receita Federal (associação criminosa, lavagem de dinheiro, apropriação de bens públicos e advocacia administrativa);

Marcelo da Silva Vieira, ex-chefe do Gabinete de Documentação Histórica da Presidência da República (associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos);

José Roberto Bueno Júnior, ex-chefe de gabinete do Ministério de Minas e Energia (associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos);

Osmar Crivelati, assessor de Bolsonaro (associação criminosa e lavagem de dinheiro);

Marcelo Costa Câmara, ex-assessor de Bolsonaro (lavagem de dinheiro).

QUAIS SÃO OS PRÓXIMOS PASSOS:

  • a PGR vai analisar as provas colhidas pela PF em até 15 dias e decidir se vai arquivar o caso, pedir mais investigações ou denunciar os envolvidos –a lista de crimes pode mudar;
  • caso a PGR resolva denunciar os envolvidos, a denúncia será analisada pelo STF;
  • o STF, então, pode decidir se aceita a denúncia ou se arquiva o caso. Se escolher aceitar a denúncia, os envolvidos viram réus e responderão ação penal –podendo ser condenados ou absolvidos. O Supremo também pode mandar o caso para a 1ª Instância.