terça-feira, maio 7, 2024
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Aluna da Medicina da Ulbra é case de empreendedorismo

Marjorie Stadnik apresentou seu trabalho para colegas do curso

A empresa de Marjorie Stadnik, estudante do 8º semestre do curso de Medicina da Ulbra Canoas, já estava a pleno vapor quando ela se viu diante de uma oportunidade: aproveitar a tarefa de uma disciplina para desenvolver um novo modelo de negócio que ampliasse as suas possibilidades de atuação. O sucesso da atividade em aula comprovou-se, na prática, de forma tão eficaz, que se tornou case a ser apresentado na disciplina de Ciência, Inovação e Empreendedorismo.

O papel da disciplina evidencia como o empreendedorismo está ligado diretamente com as evoluções da ciência e o ambiente acadêmico num todo. “Destacam-se a compreensão do desenvolvimento da pesquisa científica e as relações entre conhecimento científico e inovações, as características do comportamento empreendedor e a identificação de oportunidades para inovação e empreendedorismo na área da saúde“, explica a professora titular da disciplina, Clarice Antunes do Nascimento.

Para a docente, apresentar um case obtido no próprio contexto da disciplina ilustra a missão institucional da Ulbra de ser uma comunidade de aprendizado eficaz e inovadora. “Ela aproveitou as oportunidades que a disciplina ofereceu para projetar inovação do próprio negócio. E isso enriquece a experiência dos demais estudantes no que se refere à formação para o empreendedorismo e a inovação, permitindo que vejam sentido e significado no que estão aprendendo no curso”, conclui.

A Research Med surgiu a partir da identificação de uma área da Medicina ainda pouco difundida no Brasil: a pesquisa clínica em infectologia. Marjorie, que primeiro havia feito uma graduação em Relações Internacionais, sentiu que podia fazer muito mais. “As pessoas acham que vão ser só médicos, mas hoje em dia não dá mais para pensar assim. A concorrência é grande e a área se transformou nos últimos anos. Agora temos mais espaço para lidar com os pacientes e instituições de uma forma diferente, e temos que nos adaptar“, reflete.

Lições de vida que viram missão profissional

Exemplo não faltou. Cresceu inspirando-se no pai, médico apaixonado pela profissão. Claudio Marcel Berdun Stadnik tornou-se referência em infectologia, área à qual dedicou-se desde a residência, especialmente em epidemiologia, controle de infecções e aids. Durante a pandemia, atuou na linha de frente do combate à Covid-19 e foi um dos membros da comissão de enfrentamento à doença da Aelbra, mantenedora da Ulbra, onde atuou como professor do curso de Medicina ao longo de 14 anos, de 2008 a 2022, quando faleceu, vítima de um infarto. Foi ele quem fundou a empresa, ainda em 2016. Quando ingressou no curso de Medicina, Marjorie também passou a somar forças com o pai. Após a morte dele, ela assumiu os negócios.

Uma das maiores lições que aprendeu com o professor de vida e de universidade – Marjorie conta com orgulho que chegou a ter aulas com o pai – foi a importância da ética. “Você tem que ter uma ética central muito forte e consolidada. Eu sei que ainda não cheguei lá, mas sou uma pessoa muito defensora da ética, e isso, nos termos do meu trabalho, é algo que ele me ensinou de melhor e que a gente precisa passar adiante“, diz.

É muito difícil fazer pesquisa clínica sem entrar no pensamento que as pessoas têm de que estão sendo cobaias“, conta Marjorie. E tudo isso foi colocado à prova durante a pandemia de Covid-19. Diante do desafio imposto não só pelo vírus, mas também pelo crescimento da negação da ciência, o trabalho em si se tornou um princípio. “O que a gente faz, eticamente, para que uma pessoa realmente escolha aquilo porque ela está entendendo e quer participar, envolve respeito para com o paciente, para que ele tome a decisão”, explica. As pesquisas desenvolvidas pela empresa ajudaram a compreender como e onde o coronavírus atuava no organismo e quais tratamentos poderiam ajudar de alguma forma, principalmente na busca pelas vacinas eficazes e seguras. “Quem trabalha com saúde aprendeu 50 anos em dois“, adiciona.

No final do percurso, o desenvolvimento da pesquisa científica e a atuação em busca de novos tratamentos acabam tendo um impacto direto no fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). “No mundo inteiro a pesquisa clínica movimenta muito dinheiro e, de certa forma, o Brasil não estava ganhando esse dinheiro – e o SUS também não. Ter mais pesquisa também é para poder enriquecer o SUS e estruturar essa coisa incrível que é o nosso Sistema Único de Saúde“, expõe Marjorie. “Você enriquece trazendo novas tecnologias. Cada medicamento tem uma quantidade de pesquisa por trás que é gigantesca, além da quantidade de investimento financeiro e tecnológico“, completa.

Inspirando-se no passado para construir um novo futuro

Atualmente, a Research Med presta serviços de consultoria e pesquisa clínica em infectologia, tendo como parceiras empresas da indústria farmacêutica e tendo à sua disposição, ainda, diversos médicos, enfermeiros e farmacêuticos que atuam conforme a demanda e as necessidades do momento. Hoje, a operação está localizada na Santa Casa de Porto Alegre, mas o objetivo é expandir a atuação para outros hospitais, principalmente os que ainda não tenham formado grupos de pesquisa na área.

Quanto ao futuro, um dos fatores que movem a empresa a seguir firme em seu propósito é poder colaborar com a identificação de doenças com potencial de culminar em futuras pandemias e como agir neste cenário. “A pesquisa pode nos ajudar a desenvolver a pesquisa acadêmica e esse conjunto de tudo que a gente consegue produzir de conhecimento. Esta é a melhor forma de prevenir qualquer coisa que venha no futuro, e, estatisticamente falando, vão vir“, conta Marjorie.

O outro, é o desejo de Marjorie de não apenas seguir os passos do pai, mas manter viva toda uma história de serviços prestados a uma área tão importante da Medicina. “Ele trabalhava só com infectologia. É muito difícil achar pessoas que realmente são apaixonadas pelo que fazem e eu cresci vendo isso. Ele falava de um jeito que tu pensa ‘eu preciso ser assim’. E eu sempre pensei ‘eu quero ser assim‘”, conclui.

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