Talvez o seu nome não signifique muito para você no início, mas a niobobaotite, um novo mineral num depósito na Mongólia identificado por cientistas chineses, atraiu o interesse da indústria em menos de um mês. Prova disso é que o anúncio da sua descoberta não despertou apenas o interesse das revistas especializadas na matéria: a imprensa econômica e geoestratégica também abordou o assunto.
Porém, talvez você já tenha ouvido falar. Com efeito, a niobobaotite contém nióbio, um metal utilizado em ligas, muito apreciado pelas suas propriedades supercondutoras e produzido num número muito limitado de países. Tanto é verdade que a China atualmente tem que importá-lo massivamente. E qual o maior produtor de nióbio do mundo? Sim, o Brasil.
Num local remoto da Mongólia, foi identificado este novo tipo de mineral, que os especialistas chamaram de niobobaotite. A descoberta é atribuída a três investigadores do Instituto de Investigação Geológica de Urânio de Pequim, organização ligada ao CNNC, e já foi oficialmente reconhecida pelo comitê da Associação Mineralógica Internacional, que lhe atribuiu o número IMA 2022-127a.
Por que isso é tão importante? A niobobaotita contém nióbio, metal estratégico que se destaca por suas aplicações industriais. É usado em todo o mundo, principalmente como elemento de liga em aços e superligas, afirma o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS). Quantidades apreciáveis são usadas como ferronióbio de alta pureza e níquel-nióbio em superligas de níquel-cobalto-ferro para aplicações como componentes de motores a jato, subconjuntos de foguetes e equipamentos de combustão resistentes ao calor.
O nióbio é valorizado na indústria siderúrgica por sua resistência. Não é incomum encontrá-lo em ligas que são incluídas em materiais de construção, dutos, gasodutos, pás de propulsores ou mesmo motores a jato, entre uma longa lista de aplicações. As suas propriedades como supercondutor, particularmente a baixas temperaturas, tornam-no um valioso aliado na produção de ímanes para aceleradores de partículas como o Large Hadron Collider do CERN ou equipamentos de ressonância magnética e de ressonância magnética nuclear (NMR).
O que podemos produzir usando nióbio?
A Geoescience Austrália cita outras aplicações, como o uso de nióbio em lentes de câmeras, joias, próteses, implantes médicos, capacitores de circuito, lâmpadas de vapor de sódio ou ferramentas de corte. A organização reconhece, no entanto, que 90% está associado à indústria siderúrgica: a adição de pequenas quantidades baratas de nióbio – bem menos de 1% – aumenta a resistência e reduz o peso dos produtos siderúrgicos.
Devido ao seu valor estratégico e à vulnerabilidade do seu fornecimento, o governo australiano considera-o um “mineral crítico” e reconhece que é essencial para a indústria tecnológica. A União Europeia também o incluiu na sua lista de matérias-primas fundamentais, ao lado de outras como o fósforo, o escândio ou o silício metálico.
Por que isso é crucial para os chineses? Porque até agora o gigante asiático também dependia do nióbio estrangeiro. A China importa 95% das suas necessidades: portanto, esta descoberta é importante para o país, que deseja reduzir as suas importações para se tornar mais independente. Para se ter noção, o Brasil possui cerca de 90% do nióbio mundial.