Mercado de soja enfrenta ano de recuperação dos estoques globais, com maior produção na América do Sul, a demanda chinesa “morna”, dizem os especialistas da área.
A atual safra de soja tem uma característica rara: volume e preço em queda. Pelo peso que o Brasil tem no mercado – o País responde por quase 60% do comércio global -, quedas significativas na produção nacional costumam ser acompanhadas por um aumento dos preços na Bolsa de Chicago, principal referencia mundial. Desta vez, porém, a quebra da safra brasileira não está fazendo nem cócegas nas cotações, para desespero do produtor.
A explicação para a falta de resposta dos preços à situação dramática de muitas fazendas brasileiras está no balanço global de oferta e demanda de soja. “Estamos em um ano de recuperação dos estoques globais, e uma recuperação expressiva“, disse o especialista.
Os estoques globais de soja estão estimados em 114,6 milhões de toneladas ao final desta safra pelo USDA (Departamento de Agricultura dos EUA), um crescimento de 12% em comparação com a temporada anterior.
“O Brasil está inserido no mercado global. E faz muita diferença olhar para o global“, acrescentou.
Só a Argentina, terceiro maior produtor mundial, deve colher 31 milhões de toneladas a mais na atual safra em comparação com a anterior, quando o El Niño derrubou a produção em mais de 40%, outros vizinhos, como o Paraguai e o Uruguai, também devem elevar a oferta de soja entre 1 milhão e 2 milhões de toneladas cada um.
Isso significa,que, mesmo com a redução de 6 milhões de toneladas na produção brasileira, estimada em 153,8 milhões de toneladas, a América do Sul ainda vai adicionar certa de 28 milhões de toneladas de soja ao balanço global. Considerando o potencial da safra brasileira, de 169 milhões de toneladas, a quebra chega a 15 milhões de toneladas.